sábado, 11 de julho de 2009

OUTRA PARTE


Lagos - Julho 2009

Com um estado de espírito, nesta primeira viagem e que se vem dissipando, mas que continua, estilo velocímetro de um carro de Fórmula 1 a ser conduzido por um piloto à altura, entre mudanças altas e baixas, com mudanças de caixa quase permanente e numa constante, leva leva, de acelerações e desacelerações, enfim no fundo conseguia ir dos 0km/h aos 300km/h em segundos e vice-versa.

Assim, por vezes, são passados os meus dias em viagem, bem como na vida, basta, contudo, ver passar o Gilão em Tavira, passear nas ruas de Barcelona e, por vezes deparar-me com as obras arquitectónicas de Gaudí sentir toda a evasão permitida por um fraco hostel em Roma, ver monitores de computador do século passado a boiar no Gran Canal em Veneza e com todos estes pormenores, todos esses pensamentos passavam a momentos únicos.

Aprendi que, como tudo, as viagens são únicas e irrepetíveis, não há repetição de fenómenos, nada do que se passou ontem é igual ao que se vai passar amanhã, ou seja, nada é como foi ou tudo muda da 1ª para a 2ª vez.

Bom, depois dessa viagem pela Europa (Maio e Junho de 2008 – http://westerneutour.blogs.sapo.pt ), cheguei, iniciei um blog que nada mais era que uma continuação da viagem que iniciara e que, apesar de todas as oscilações e de ter dúvidas se aproveitei tanto quanto deveria, havia uma certeza, a de que daí em diante nada seria igual…

Começou a surgir a ideia de fazer uma outra viagem em que me pudesse colocar completamente à prova e que me levasse, eventualmente, a viver destas viagens que vou fazendo – o meu mundo mudara - Até onde vais com 1000€, Where the hell is Matt, The Longuest Way, Take a Seat, Way Home From Siberia, começaram a tornar-se pontos de convergência diária nas minhas opções de Internet, na literatura, Pedalar Devagar, todos os livros de Gonçalo Cadilhe, todos os livros de Bill Brison, vários guias turísticos e mapas…e…

Entrara para Multipessoal, apenas na perspectiva de angariar mais uns trocos para partir de novo, adorei o trabalho que desempenhei, pois nunca tinha desempenhado uma função com tal objectivo em mente – o de voltar a partir, fazendo-me despreocupar do que fazia os outros lutarem pelo seu lugar, eu não, só queria ser o melhor naquilo que era a minha função e, sem modéstia, fui. Sendo pouco apologista do trabalho atrás de uma escrivaninha ou de um trabalho fechado diariamente num escritório, de sol a sol, não tive de tomar uma decisão muito difícil, aliás já estava tomada.

Desafio definido, de bicicleta por Portugal, antes de mais conhecer melhor o meu país, a minha primeira casa, depois o mundo. Assim fiz, segunda grande viagem, desta vez tendo sido eu a assinar a sentença de morte no emprego em que estava. Valeu a pena, objectivo concretizado, Portugal mais do que lés-a-lés.

…um, ou melhor, vários comboios não faziam parte do projecto, mas estão a saber bem, até porque à semelhança de vários dos muitos e bons intelectuais, estava, não sei se estou a passar uma fase tumultuosa da minha vida, nada melhor do que quebrar essa inércia e aqui estou a escrever-vos, como mau escritor que sou.

Falta-me apenas contrariar a parte negativa ou os defeitos que vos apresentei no desenrolar desta prosa ficcionada ou não, contudo para não parecer abusado e não querendo ser imodesto…deixo aos que me conhecem que me avaliem…

TMA

Sem comentários: