terça-feira, 21 de julho de 2009

EIS O QUE MOVE O MUNDO

...muito ou pouco? É sempre polémico. Nunca se sabe se o devemos ou não publicar.

Deixem ver se, de forma impreterível, consigo começar pelo princípio e acabar no fim.

Este é um texto sobre aquilo que, indiscutívelmente, move o mundo. Para tudo é preciso tê-lo e quem não o tem, mesmo que se diga feliz, infelizmente, não o pode ser, pelo menos não completamente, não porque ele compre tudo (só não compra, ainda, o ar que respiramos), não porque ele seja o maioral, não porque sem ele não haja vida, mas porque sem ele não é possível ter acesso ao mais básico, sem ele não é possível aceder ao que nos faz viver.

Diria que esta é a primeira e mais sublime subversão do Ser Humano, diria mesmo o seu Pecado Capital, diria mesmo a razão de ser quem É, ou seja, o Ser mais egoísta, mais centrado em si próprio. Senão vejamos, não se justifica que alguém que o tenha em abundância, sabendo que ao libertar uma misera parte da sua fortuna, poderia libertar da pobreza extrema milhares de Seres Humanos, mas mesmo assim não se interessa e vive com a sua "sanita de ouro" que não usa, com o carro que polui mais do que um arsenal de vacas de pastoreio cheias de cólicas, etc.

Como não sou excepção neste mundo de excepcionais. Neste mundo onde, cada vez mais, a competição toma a forma das boas acções que devem ser levadas a cabo, esquecendo-nos que para alguns o simples facto de nos verem já é uma vitória, e esses encaram-nos com estupefacção só porque conseguimos ter uma t-shirt branca que brilha por usarmos o detergente xpto...para eles é preciso dinheiro, sem o saberem, ou melhor sabem-no e sentem-no na barriga que cresce devido à falta de nutrientes que os mantêm vivos.

Também a minha viagem não foi possível sem utilizar o que move o mundo e subverte o Homem - o dinheiro.

Durante os 54 dias andei a pedalar por Portugal e de acordo com as minhas contas, gastei aproximadamente 1.400,00€.

Isto porquê? Quem me acompanhou sabe que, quase sempre fiquei a dormir em Bombeiros Voluntários, que comia pouco e que muito do que gastava era precisamente neste tópico - alimentação. A sul do país muitas coisas mudaram, fui ficando mais vezes alojado em pousadas da juventude e parques de campismo, tornando a "parada" um tanto mais elevada. Enfim, acho que foi um valor simpático o atingido a pedalar por Portugal, mas muito além das minhas expectativas.

Depois parei em Lisboa e veio o descalabro, gastei algum dinheiro extra...não conta para o balanço destas viagens.

Já de comboio acabei por atingir a feia quantia de 600,00€, em muito pouco tempo, acreditem.

Mas não fica por aqui:
4 meses de Internet móvel a 40,00€ = 160,00€
Nova tenda e esteira = 75,00€
Cavalheirismos e noitadas (LOL) = 250,00€
Livros de viagem = 84,00€
Fora extras (que não se conseguem contabilizar!)

Tudo deve ter rondado os 2.600,00€ (...e vocês dizem assim. - Que abuso! E eu respondo: - Têm razão!).

Tenho comigo uma certeza, uma verdade, para mim irrefutável, um sentimento que me acompanha por qualquer percurso ou caminho que faço ou penso fazer: "não há dinheiro nenhum no mundo que pague tudo aquilo que vivo".

obs: esclareço que estou desempregado, não vivo do fundo desemprego e nem na abundância, vivo com o pouco que poupo dos trabalhos que vou tendo, até ao dia em que me disserem é velho demais para isto, não o queremos...

obs1: orgulho-me de ter comprado produtos que contribuem essecialmente para o crescimento e sobrevivência da economia nacional.

3 comentários:

André Porêlo disse...

Apenas 2 palavras!
FORÇA TIAGO!
=)

recepcionista disse...

este texto faz-me lembrar uma questão que sempre coloco: como seria bom não precisarmos de dinheiro para viver e trabalhar simplesmente porque gostamos :)

Aubigné disse...

Não podia estar mais de acordo, mas...

...para vivermos não precisamos de dinheiro, basta que o nosso coração bata e que o ar que respiramos ninguém se lembre de nos fazer pagar.

Precisamos "dele", isso sim, para viver no cerne duma sociedade que foi arquitectada desta forma subversiva.

O trabalho, esse, dignifica o Homem, ou o Homem vê-se reflectido nele, como uma demarcação dos outros, mostrando o que vale pelo o que faz e não pelo que é.

Poucos, muito poucos, diria que se contam pelos dedos, fazem aquilo que realmente gostam e nasceram para o fazer. Não se importando com o facto de ganhar mais ou menos, simplesmente, porque nasceram para o que fazem.

Os outros dão no duro, reconheço, para passar por cima uns dos outros - objectivo máximo - poder um dia não fazer mais o que fazem e ainda retirarem os dividendos de uma vida a passar por cima.

No fundo, cilindros...